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Quando as Palavras Não Vêm: O Impacto das Dificuldades de Comunicação no Autismo

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A comunicação vai muito além das palavras faladas. Ela é o que nos conecta com o mundo, com as pessoas ao nosso redor, com os nossos sentimentos. Mas e quando essa comunicação não acontece da maneira esperada?

Para muitas crianças autistas, a fala não surge no mesmo ritmo dos colegas ou, em alguns casos, pode nunca se desenvolver completamente. Isso traz desafios diários, não só para elas, mas para toda a família. Afinal, como entender as necessidades de um filho que não consegue expressá-las? Como evitar a frustração de ambos os lados?

Hoje, quero compartilhar com você minha experiência pessoal como pai e falar sobre como as dificuldades de comunicação impactam a criança, os pais e até mesmo o círculo social da família. Mas, mais do que isso, quero te mostrar que há caminhos. A comunicação alternativa pode ser uma ponte poderosa, capaz de transformar a vida da criança e melhorar a qualidade de vida da família inteira.


O Primeiro Choque: Quando a Fala Não Vem

A maioria dos pais espera ansiosamente pelas primeiras palavras do filho. Aquele “mamãe” ou “papai” cheio de significado é visto como um marco no desenvolvimento infantil. Mas e quando o tempo passa e essas palavras não chegam?

Foi assim com o Gabriel, meu filho. No início, ele parecia se desenvolver como qualquer outra criança. Ele sorria, brincava, nos olhava nos olhos. Mas conforme os meses passavam, algo chamava a atenção: ele não balbuciava tanto quanto os primos e amigos da mesma idade. Enquanto as outras crianças começavam a dizer pequenas palavras, ele permanecia em silêncio.

No começo, tentamos não nos preocupar. Afinal, ouvimos de várias pessoas aquela famosa frase:
— “Cada criança tem seu tempo, logo ele começa a falar!”

Mas o tempo passou, e a fala não veio. Em vez de pedir as coisas verbalmente, Gabriel nos puxava pela mão até o que queria. Quando estava incomodado ou frustrado, ele chorava, se jogava no chão, ficava agitado. Ele tentava se comunicar, mas não conseguíamos entender. E isso gerava uma enorme angústia – para ele e para nós.

A grande pergunta que nos perseguia era: como vamos nos conectar com o nosso filho se ele não consegue se expressar?


A Frustração da Criança

Imagine precisar de algo muito importante – estar com fome, sede, sono ou até com dor – e não conseguir avisar ninguém. Imagine a sensação de tentar falar e perceber que ninguém entende.

Essa é a realidade de muitas crianças autistas que enfrentam dificuldades de comunicação.

No dia a dia, isso gera um nível altíssimo de frustração. No caso do Gabriel, essa frustração se manifestava em crises. Ele chorava muito, ficava agitado, às vezes se jogava no chão. Tentávamos interpretar os sinais e adivinhar o que ele queria. Mas quando errávamos – e errávamos muito –, ele ficava ainda mais frustrado.

E não era culpa dele. Ele queria falar com a gente. Ele tinha muito a dizer. Mas simplesmente não conseguia encontrar uma forma eficiente de se expressar.

Esse é um momento muito delicado para qualquer família. Nós, como pais, sentimos uma enorme impotência por não conseguir ajudar. Sentimos culpa, medo do futuro, insegurança sobre o que fazer. E para a criança, que ainda está aprendendo a lidar com suas emoções, a comunicação falha se torna um obstáculo para praticamente tudo.

A boa notícia? Existem alternativas. E quando descobrimos a comunicação alternativa, tudo começou a mudar.


O Impacto na Vida Social

Além da relação dentro de casa, a dificuldade de comunicação também afeta a interação da criança com o mundo ao seu redor.

Brincar, por exemplo, é uma atividade social. Crianças pequenas chamam umas às outras para brincar, compartilham brinquedos, combinam regras de jogo. Mas quando a fala não está presente, a criança pode ser deixada de lado sem querer.

Isso aconteceu algumas vezes com o Gabriel. Ele ficava perto das outras crianças, observando, tentando participar. Mas quando alguém chamava ou tentava interagir, ele não respondia da forma esperada. Então, as crianças seguiam brincando entre si, deixando-o para trás.

Isso não significa que a criança não queira se socializar. Muitas vezes, ela só não sabe como interagir do jeito esperado pelos outros.

O resultado? Muitas crianças começam a se isolar. Evitam encontros, festas, parquinhos. Porque estar ali e não conseguir se expressar pode ser ainda mais frustrante do que brincar sozinha.

Foi nesse ponto que percebemos que, se queríamos que o Gabriel se sentisse incluído, precisávamos encontrar uma forma para que ele se comunicasse com o mundo.


A Comunicação Alternativa Como Solução

A comunicação não acontece apenas através das palavras. O corpo fala. Os gestos falam. As imagens falam.

Quando descobrimos a comunicação alternativa, um novo universo se abriu. O primeiro método que usamos foi o PECS (Picture Exchange Communication System), um sistema de cartões com imagens. Gabriel aprendeu que, se quisesse um biscoito, deveria pegar a imagem do biscoito e nos entregar.

No começo, ele não entendeu muito bem. Mas com repetição e paciência, ele começou a perceber: funciona!

A primeira vez que ele pegou um cartão e nos mostrou o que queria foi emocionante. Pela primeira vez, ele conseguiu se expressar sem precisar chorar ou se desesperar.

A comunicação alternativa pode acontecer de várias formas:
Imagens e cartões de comunicação (como o PECS)
Gestos e expressões corporais
Aparelhos de comunicação aumentativa
Aplicativos de apoio à comunicação

Cada criança pode encontrar o método que funciona melhor para ela. O importante é que ela tenha voz – mesmo que essa voz não seja falada.


O Matraquinha Como Ferramenta de Apoio

Foi a partir dessa jornada que surgiu a ideia do Matraquinha.

Nós entendemos na prática o quão essencial é ter ferramentas acessíveis para a comunicação alternativa. Por isso, criamos um aplicativo que ajuda famílias a estabelecer essa ponte com seus filhos.

No Matraquinha, você encontra:
🎨 Uma biblioteca personalizada de imagens e símbolos, para ajudar a criança a se expressar.
📲 Opções de comunicação digital, com botões interativos que reproduzem áudios.
💡 Dicas e conteúdos educativos sobre comunicação alternativa.

E o melhor de tudo? O Matraquinha é gratuito! Você pode baixar agora mesmo na App Store ou Google Play e começar a explorar novas formas de se comunicar com seu filho.


Se você está vivendo essa jornada, saiba que você não está sozinho.

A comunicação pode acontecer de diferentes formas, e cada pequena conquista é um passo gigante. O mais importante é nunca desistir de buscar maneiras de entender e ser entendido.

Gostou desse conteúdo? Compartilhe com outras famílias que possam se beneficiar dessas informações! E não se esqueça de baixar o Matraquinha para conhecer ferramentas que podem transformar o dia a dia da sua família.

Nos vemos no próximo artigo! 💙